quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Inquietações

Apesar de inúmeras tentativas para compor um texto com palavras que em geral descrevem nossos sentimentos natalinos ou nossas apostas para o ano que entra, acabei sucumbindo a certas inquietações, talvez por estarmos fechando os dez primeiros anos do século XXI, um século que nos abriu definitivamente a possibilidade de acompanharmos de perto e em tempo real tudo o que acontece em nosso globo terrestre e em suas adjacências. Em uma visada rápida pela história, de seres superiores e escolhidos que habitavam um planeta especial, quase somos pontinhos em um universo que não cansa de nos surpreender pela sua extensão e/ou desconhecimento. Vivemos em uma era digital que desconstrói a idéia de fronteiras geográficas, étnicas ou sociais. Mais ajustados à nossa devida significância, parece que o que nos move hoje - para o bem e para o mal- é as nossas paixões, um argumento fácil de auferir quando nos deparamos com aqueles que desistem, seja por tristeza, desesperança ou amargura. De certa maneira, ao desvendar muitos dos mistérios que sustentavam nossos mitos e davam certos significados às nossas vidas, a Ciência nos jogou a batata quente do sentido de nossas vidas em nossas próprias mãos. Descortinado nosso desamparo, uma grande parte – “os especialistas”- passou a se dedicar ao ofício de criar regras ou modos de usar, pensar, comer, dizer, vestir, amar, morrer, etc., para todos. E mais, fomos convidados a assumir um estilo, marcar nossos gostos. Mas muitos de nós ficamos confinados ao desconfortável espaço do temor de não saber, não ser capaz, não poder agir, confiar, assumir, mudar, o que nos leva ao fato de que não nos ajuda muito aprender a cartilha: é tarefa e responsabilidade de cada um (quando é possível) conhecer, revisar e reajustar os desejos de sua alma. Parece difícil aceitarmos que a cada um o passado afeta o presente de forma única e delineia o futuro. Também é fato que a badalação da economia mundial venha se deslocando da dupla produção/consumo para um “saber”, que muitos chamam apenas de conhecimento e outros insistem no valor do “autoconhecimento”. Seja qual for a área, percebe-se um movimento de busca de um diferencial, talvez a tal “criatividade” ou algo que possa nos brindar com uma medida especial de equilíbrio e brilho e que explique como alguns conseguem abrir/construir novas “portas” ou “estradas” na difícil empreitada de se viver uma vida bem vivida ou de “afetar” as pessoas, despertando suas paixões e assim dando continuidade à esta nossa espécie, os humanos. Dizem que inventamos estas “passagens” para avaliar nossas vidas e dar vazão e razão às nossas inquietudes. Meu “muito obrigada” aos leitores que me prestigiaram em 2010; que venha o 2011 e nos surpreenda com suas boas novas.

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