sábado, 13 de agosto de 2011

Quem quer casar?

Percebia-se aflito. A data meio temida e meio ansiada em que o martelo dos 30 anos bateria sem voltas já havia passado, mas não a sua agonia. Como as pessoas o viam? O que elas esperavam dele agora? Será que do lado de “fora” seria possível perceber o descompasso entre sua imagem de homem de negócios - terno, camisa e gravatas impecáveis – e aquela sensação desesperadora de menino desprotegido? Se a vida ganhava sentido pelo futuro que cada um traçava para si, porque o dele lhe parecia escrito ainda no livro infantil? Tinha acabado de trocar seu carro por outro mais novo e mais possante e pago um bom bocado para transformar seu interior em uma espécie de estúdio musical com uma acústica impecável. Suas milhas não haviam se transformado em passagens porque ainda não conseguia se decidir entre Amsterdã ou Berlim para as próximas férias. Este item merecia uma boa pesquisa na internet o que lhe demandaria um certo tempo. No entanto, o coro dos “adultos”- neste que todos tratavam como sendo o inicio do segundo tempo - era categórico. Estava na hora de pensar em se casar! Não que esta questão tivesse lhe passado despercebida, até porque nos últimos dois anos o numero dos amigos casados engrossara consideravelmente. Mas todas as vezes que tentara se imaginar vivendo uma vida mais ou menos parecida com a deles o chão lhe faltava, a respiração acelerava e um súbito sentimento de pânico lhe envolvia. Sentia-se despreparado para ingressar neste complexo e assustador “mundo adulto”. Seu namoro, ainda que já acumulasse uns pares de anos, seguia uma rotina agradável, mas principalmente suportável. Já o casamento acenava-lhe uma passagem definitiva, sem volta. Ele pressentia serem ventos internos, algo que dizia respeito a si e aos recursos que pareciam lhe faltar para administrar tantas responsabilidades. Mais do que nunca o significado da palavra amadurecimento lhe escapava e seu processo lhe parecia inalcançável. Entre a angustia paralizadora que a visão deste futuro oferecia e o torpor aparentemente tranqüilizador de seu cotidiano seria preciso “construir” um novo espaço. Ele estava certo disso. Mas ficaria para depois. Acabara de receber noticias interessantes sobre a vida noturna de Berlim.











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