sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Natal & Amor

As imagens, os textos, os sons não deixam dúvidas. Se a origem é cristã, o dia 25 de dezembro repete o momento em que milhões de famílias buscam se reunir e a grande maioria das pessoas admite celebrar a irmandade da espécie e pensar nos desvalidos da vida. Parece que precisamos desta data para abrir nossos corações, ajudar aos menos afortunados, em uma espécie de busca de sentido para nossas vidas. Ou somente para fazermo-nos merecedores da compaixão divina, com seu poder de “tirar os pecados do mundo” e os nossos. Tentamos enumerar nossas boas ações e encontrar razões para nossos sonhos mesquinhos ou egoístas. Pedimos perdão por nossos prazeres e gozos. Enfim, o clima convida a um “mea culpa” que zere o cronômetro moral e nos coloque sob os trilhos da solidariedade e da possibilidade de “amar qualquer que seja o próximo”. Mesmo que pareça simplório crer que nossos gulosos prazeres e nossa culpa consequente expliquem o bem e o mal que regem nossas vidas. Embutido, mas não tão claro, há neste singelo balanço um sentimento de nossa precariedade diante das misérias e violencias que podemos cometer. Pressentimos que se a reunião dos homens em sociedade é uma condição de sobrevivência para a espécie, ela contraria os interesses individuais, pois exige toda uma gama de limites e renúncias aos nossos excessos de amores e ódios. Por mais que inventemos leis e propaguemos o valor do amor, não conseguimos tornar estas forças do “mal” inoperantes. Nossa “realidade psíquica” é uma realidade que ultrapassa aquela que organiza nosso mundo; pior, é particular de cada um e não pode ser coletivizada. Teríamos que acreditar que as grandes revoluções só aconteceriam na consciência dos homens que pudessem contemplar  sua humilde existência (moral/ psíquica). Mas isso, na hierarquia moderna de nossos valores, desbancaria a felicidade e a segurança como os itens mais ansiados e honraria nossa “autonomia” ou o fato de ser possível a cada um escolher seu projeto de vida e realizá-lo, ou melhor ainda, inventa-lo. Fácil? Assim parece ou poderia ser. Mas na verdade é extremamente doloroso e árido admitirmos que sejamos os únicos responsáveis por nossas desventuras. Não por acaso construímos sentidos místicos que nos dão a impressão de que não somos autônomos e evitamos “saber” que em nosso mundo não há tantos mistérios além de nossas próprias dificuldades, medos e confusões. Precisamos mais que nunca de datas como esta que nos envolvam e nos permitam desfrutar do clima do amor entre os homens. Amor que, mesmo vestindo novas roupagens, continua a cumprir sua função de ligar e encantar nosso mundo.  Resta-nos juntar as boas coisas que a vida ainda nos oferece e lembrarmos em retrospectiva, como alguns de nós sabem mostrar que o “amor” existe e que o mundo vale a pena. São boas histórias que nos ajudam a viver e a desejar um feliz 2012 a todos.


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