quarta-feira, 1 de julho de 2009

As palavras das mulheres

A frase era ao mesmo tempo simples na definição das direções, mas pretensiosa se houvesse uma afirmativa da minha parte. Há um ano nascia esta coluna, graças a minha querida editora Rosana Zaidan, que esperava que eu pudesse ser a Danuza Leão deste jornal. A referencia a esta corajosa colunista, que não se furtou em expor as mazelas do ser mulher não era gratuita. Afinal, ser mulher na era atual significa poder ser autora, poder falar, gritar, reclamar, pedir, negar, gostar, desgostar, discordar... tantos verbos poderosos que nos eram negados socialmente há muito pouco tempo atrás. Em geral as análises que são feitas hoje sobre o papel da mulher, mesmo quando feitas pelas próprias, ou privilegiam um certo ressentimento e portanto incitam a busca de uma igualdade dos sexos, ou apontam de forma nostálgica tudo o que a mulher perdeu ao se emancipar e passar a ser responsável por suas escolhas e atos. Impossível não mencionar um terceiro discurso utilizado por um verdadeiro exército de homens e mulheres que se ocupam em apontar um futuro sombrio para a humanidade desde que as mulheres-mães perderam o adjetivo sagrado e assim colocaram a família em risco de extinção. Mas as palavras só adquirem um sentido quando podemos utilizá-las após algum tempo em que estamos vivendo o novo, pois é assim que elas podem exprimir não só os sentimentos que nos assombram ou os que nos doem, e sim aqueles que passam a adquirir um significado importante para cada época. E o que talvez seja mais importante na atualidade é que aos poucos, muitas pessoinhas das novas gerações, vão tratando de realizar esta acomodação aos novos espaços, ao descobrir nichos e adjetivos inéditos, ajudando a compor um repertório próprio de mulheres contemporâneas, estes seres que já foram tão enigmáticos em sua essência, mas que hoje só desejam ser respeitados por sua condição humana. E o respeito como medida não cabe só às mulheres, mas a todos os que de alguma forma, ousam questionar as normas de tempos e tempos, e assim fazer a humanidade caminhar sempre em busca de um mundo melhor, ainda que isto não signifique extinguir o pior. Aos poucos estas pessoinhas que chegam e às duras penas conseguem assumir o leme de suas vidas, sejam homens ou mulheres, começam a nos mostrar um novo modo de se relacionar. E neste, o respeito aos cuidados que um tem que ter com o outro tem um peso muito maior do que os tratados convencionais. Sem esquecermos que em geral, só respeitamos aqueles que por seus atos e gestos cotidianos, nos fornecem pistas de serem respeitosos com os que os rodeiam. Palavra de mulher!



Coluna dia 3 de fevereiro de 2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário