segunda-feira, 27 de julho de 2009

Segredos do futuro

Em clima de comemoração dos 40 anos em que o homem pisou pela primeira vez na lua, jornais, revistas e TV mobilizaram-se para produzir matérias que pudessem cobrir as reminiscências do impacto desta conquista humana e as reflexões sobre seu valor. Transmitida ao vivo no ano de 1969, o mundo parou para assistir as imagens mágicas da Apollo 11, pousada na superfície da lua, e do astronauta que ali deixava suas pegadas. Passadas estas quatro décadas, qual seria o valor que atribuímos a esta ousadia humana? Uma visada pelos inúmeros comentários colhidos pela internet nos mostra que tal acontecimento é hoje um fato consolidado e importante de nossa história, ou seja, há um significado compartilhado pela maioria que a chegada à lua ( para além de uma estratégia política) celebrava um avanço incomensurável do saber científico alcançado pelo homem. Por outro lado, tal como o olhar de cada um para uma obra de arte qualquer, é possível reunir um número sem fim de depoimentos individuais que descrevem este momento de suas vidas acentuando o valor de sua experiência individual, como uma marca em sua memória. Grosso modo, o saber das ciências seria mais objetivo e, portanto passível de ser medido e partilhado. Já as histórias que cada um conta sobre suas impressões são subjetivas e compõem o repertório que alimenta nosso imaginário social, junto com a literatura, o cinema e as religiões. É aqui que se encaixam o discurso dos jovens de então, que atribuíram a este fato um sentido poético e libertador para suas vidas, descrevendo a magia de suas fantasias de conquista do espaço e da construção de possibilidades ou de apostas de um futuro desconhecido, mas possível. Muitos localizam ali a matriz de seus projetos de vida e do despertar de suas paixões por motores e máquinas, fossem como construtores ou como pilotos. Paradoxalmente aqui também se encaixam os que ainda hoje duvidam deste acontecimento e criam uma infinidade de suposições com o intuito de justificar sua descrença. Afinal, não é fácil pensar que somos um minúsculo grão de areia no infinito espaço de um universo antes sagrado, que aos poucos vai sendo desvendado, aumentando as chances de não sermos seres tão especiais quanto nossa história já acreditou. De um lado e de outro, é das profundezas de cada alma que os sonhos e as fantasias, os temores e as assombrações emergem destes “encontros” e ganham significados particulares. E assim como a História de nossa existência humana, ressignificada a cada época, graças ao acúmulo de conhecimentos, podemos ampliar o sentido de certas vivências passadas, ao desvendar certas dimensões de nossos sentimentos, antes fora de nosso alcance.

coluna do dia 21 de julho de 2009

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