terça-feira, 30 de junho de 2009

Passagens

Colunas, blogs ou reportagens cujo tema gira em torno de um balanço do ano que termina ou de algumas previsões ou aspirações para o próximo, são lugar comum nesta época. Em meio à agitação que se vive no mês de dezembro, mês que mais se aproxima de uma celebração ( ainda que datada) da amizade humana, com confraternizações de todos os grupos a que pertencemos,trocas de presentes, palavras de reconhecimento e gratidão, em geral encontramos um espaço para pensar sobre o que ficamos devendo aos planos que traçamos um ano atrás ou o que pretendemos agendar para o próximo, sejam propostas concretas ou mesmo aquelas que fazem parte de secretos e íntimos desejos, novos ou antigos, que imaginamos poder realizar nos próximos 365 dias do ano. O valor que de certa forma acabamos atribuindo a esta passagem de um ano para o outro a torna algo simbólico, que no arrancar da última folha do calendário nos faz distribuir a todos que fazem parte de nosso rol de amizade, desejos que também necessitamos acreditar ser possíveis para nós, algo que possa se parecer com “daqui para frente tudo vai ser diferente”. Gostamos de imaginar um pacote de felicidade, incluindo algum sucesso, dinheiro, amores, viagens... e claro, como imaginar e sonhar não custa nada, quem sabe também saúde,um corpo mais magrinho e atlético, talvez trocar o carro,comprar aquele laptop mais ágil,ou aquele apartamento com varanda, um pouco maior, com o sol batendo o dia inteiro,bem próximo do parque para que possamos caminhar até lá nos finais de semana. OK, o mundo atual oferece mesmo esta brecha para nossos sonhos de consumo. Podemos imaginar um futuro em que muitos destes sonhos se tornarão realidade.Mas não custa lembrar que nem sempre nosso ano que passou nos apresenta apenas nossa conta devedora. Muitas vezes ele foi difícil, nos surpreendeu com fatos desagradáveis e inesperados, com perdas dolorosas ou danos e prejuízos impossíveis de digerir. Neste sentido, estar a um passo do final dele nos faz respirar aliviados, como se esta passagem pudesse acenar com o fim de algo e começo de outra coisa. Melhor, muito melhor com certeza. E o fato de podermos apostar nisso, que este sofrimento ao qual estivemos submetidos pode ficar no passado, neste ano que se finda, nos dá aquele plus de confiança necessário para que nossas vidas ganhem um novo sentido. De um lado ou de outro, nos acostumamos ao longo dos tempos a manter este significado importante para esta passagem, como se nos permitíssemos dividir nossas vidas em pedaços de um ano, talvez por percebermos que precisamos de um futuro datado, não só para não nos perdermos no mar de nossos desejos e aspirações, mas também para que possamos conferir o que pudemos realizar ou quanto pudemos caminhar ou evoluir dentro da escala que cada um de nós utiliza para avaliar sua vida, ou a si próprio. Bom Natal a todos.

Coluna do dia 23 de dezembro de 2009

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